Toda a minha formação profissional foi baseada em planejamentos, métricas, índices, controles e coisas do tipo. Provavelmente reflexo do objetivo de controlar a vida. Ter metas pessoais e disciplina é extremamente saudável, mas a busca incessante pela falsa sensação de segurança e controle das coisas é insana.
Deve ser insegurança, medo ou algo da mesma família esta necessidade de ter as coisas sob controle. Mas quais são de fato estas tais coisas que precisamos controlar? E diante destes questionamentos e me percebendo mais uma vez como um cachorro correndo atrás do rabo, que eu paro para pensar em quais são as "coisas" que me fazem feliz. O exercício de apenas permitir deixar os pensamentos virem, sem controle, sem julgamentos, invariavelmente me transporta para momentos que me deixaram entregue às sensações, e sem noção do tempo e do espaço.
Momentos, "momentinhos", "momentões" que validam a afirmação de Adélia Prado, quando diz que o que a memória ama, fica eterno. E a minha memória afetiva se abastece exatamente quando esqueço de querer controlar. Sou grata às inúmeras situações inesperadas, que ajudaram a acender muito daquilo que intitulo de a chama da vida. Como a sensação de perceber a empatia de um garoto de cinco anos que me deu seu super-héroi de brinquedo para me proteger logo após eu ter sido assaltada.
