top of page

Viva como se fosse sexta

Estava numa quarta-feira preguiçosa esperando o metrô na plataforma, olhando o tempo cinza e a garoa que caia quando começou a tocar “Friday I’m in Love”, do The Cure. Imediatamente me veio o pensamento: “falta muito para sexta-feira?”


É curioso perceber a quantidade de postagens nas redes sociais com homenagens às sextas-feiras e, com ela, os tão desejados sábado e domingo. Trabalhamos até mais felizes nas sextas. Tenho amigos que ficam até as 22horas trabalhando de sorriso aberto (sorriso este que não existiria se fosse uma segunda-feira) porque sabem que no dia seguinte vão dormir sem hora para acordar.


Também conheço pessoas, inclusive já fui uma delas por anos, que sofre de ansiedade pós-almoço de domingo. Basta perceber o passar das horas, o término dos programas de variedades na TV, que a mente dispara um alarme fazendo com que você pense na lista de tarefas do dia seguinte, do provável trânsito caótico. Pronto! É batata acordar de mau humor e inundar novamente as redes sociais com um monte de frases e memes reclamando da segunda-feira. Não ficarei surpresa se um dia eu buscar saber quais são os assuntos mais comentados e descobrir que “odeio segundas” está entre os principais.


É realmente algo louco esperar quatro dias pela sexta-feira e, quando o tão esperado fim de semana chega, começar a sofrer pelo fim dele. No final das contas, quem tem este tipo de comportamento está vivendo em qualquer tempo, menos no presente. Vive nas angústias dos dias “úteis” da semana e na ansiedade pela proximidade da segunda-feira. E assim, o tão esperado e desejado fim de semana acaba sendo espremido por emoções que sugam as nossas energias. Diante disto, fica fácil entender o porquê das segundas-feiras não serem tão celebradas.


E por que não conseguimos ter a mesma empolgação com os outros dias como temos com aqueles que fazem parte do fim de semana ou de feriados? No meu caso, eu tenho uma suspeita do porquê... Porém, esta reflexão precisa ser individual, só quem calça o sapato sabe onde o calo aperta. O que não se pode é passar os dias frustrados, vendo um bem tão precioso, que é o tempo, se esvair acusando-o de estar passando rápido demais.


Viva os dias como a mesma empolgação e motivação das sextas, mas focando no momento presente. Quando a gente deixa de lado o papel de peru de Natal e paramos de morrer de véspera pelas coisas, conseguimos enriquecer a experiência que estamos vivenciando naquele momento, além de direcionarmos melhor a energia que estamos investindo. O resultado, certamente, será de maior produtividade e contentamento. As segundas, terças, quartas e quintas merecem uma chance de também nos conquistar e vivermos apaixonados por estes dias como se eles também fossem sexta-feira.


bottom of page