Vi recentemente um filme onde o protagonista é motorista de ônibus de uma cidadezinha americana. Nas horas vagas, ele escreve no papel, e num caderninho que está sempre com ele, os poemas que vem à sua mente ao observar o cotidiano, o trivial, aquilo que passamos batido na correria do dia a dia.
Coincidência ou não, esse homem comum, com um emprego que, para muitos, pode ser considerado simples, é casado com uma mulher que tem ambições um pouco maiores que as dele. Ela quer ganhar muito dinheiro vendendo seus cupcakes e também ser uma cantora famosa. Ao terminar a sessão, um questionamento ficou martelando minha cabeça: “existe ambição mais sábia de ser feliz com aquilo que se tem e com o que se é?”.
A gente passa muito tempo reclamando da vida, do que não temos, olhando sempre para o que nos falta, sem perceber que sim, podemos (e devemos) ser felizes no agora, com aquilo que já temos. Não há nada de errado ambicionarmos uma vida melhor, o problema é que, muitas vezes, ficamos tão fixados no futuro, naquele “quando tal coisa acontecer...” que perdemos a beleza dos dias comuns.
John Lennon disse uma vez: “vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos”. Por mais que estejamos sufocados pelo cotidiano e com a sensação de que nada de novo acontece, acredite, nenhum dia é igual ao outro. Quando trocarmos as lentes e nos abrirmos para enxergar a vida com gratidão pelo que temos, estaremos, certamente, dando um passo importante para vivermos felizes.

É gostoso sonharmos e realizarmos o desejo de ter uma casa na praia, de levar a família para conhecer a Disney e coisas do tipo, mas saber apreciar ações rotineiras, como conversar com amigos após o expediente ou levar e buscar seu filho na escola, também podem nos deixar felizes.
Temos mania de imaginar que o contentamento virá de coisas grandiosas. Talvez esses acontecimentos arrebatadores tragam, de fato, muita alegria, mas é dando novo colorido aos momentos dos dias previsíveis que regamos as sementes da satisfação plena. Encontrar a beleza dos dias comuns não é difícil, basta apenas atenção.
Permita-se contagiar com a risada das crianças que brincam em um parque, tome sorvete sentado num banco recebendo o afago do vento no rosto, faça cafuné em quem você ama enquanto assiste à televisão. Passe a ser mais atento às ações do ‘aqui’ e ‘agora’ e você vai descobrir que a felicidade vem pouco a pouco.