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A gente nunca sabe de quem vai gostar

Praticamente todo mundo tem em mente o tipo de perfil de pessoas que o atrai. As características são as mais diversas, que vão desde os atributos

imagem:pixabay

físicos até as particularidades psicológicas. Não é difícil imaginar como se parece aquela pessoa que vai te faz sorrir sem motivo aparente e gelar mão quando ela chegar perto. Na teoria, tudo é muito simples e lógico, as propriedades são listadas quase da mesma forma como escrevemos os ingredientes de uma receita de bolo.


No entanto, a prática mostra que a combinação de “ingredientes” que acabam nos levando a nos encantar por uma outra pessoa é bem diferente daquela receita pré-pronta que temos. Parece que estamos sempre buscando formas de enquadrar as coisas, pôr em padrões para que assim fique mais fácil o reconhecimento daquilo que achamos que é ideal para nós. Essa normatização não apenas acontece no campo dos relacionamentos amorosos, como também em outras áreas das vidas, ou seja, acabamos definindo modelos do que queremos para nós.


Pode ser que em alguns setores consigamos realmente seguir de acordo com a cartilha do que gostamos ou não, porém, quando falamos de assuntos ligados ao coração, não existe uma fórmula que explique algumas combinações que fazem explodir um dos sentimentos mais poderosos que existe: a paixão. A verdade é que a gente nunca sabe de quem vai gostar. E quando isso acontece, tudo o que acreditávamos que era o ideal, deixa de fazer sentido na forma que concebíamos para, logo em seguida, se transformar no sentido real desse afeto.


Esse sentimento não se manifesta seguindo uma lógica cartesiana, longe disso, quando menos esperamos, nos encantamos exatamente por aquilo que listamos como “defeito” e que jamais levaríamos em conta se pudéssemos escolher quem de fato iríamos gostar. A sabedoria da vida consiste exatamente em destituir um monte de lógicas que criamos e derrubar os escudos que usamos para nos proteger do medo da decepção. Talvez seja por isso que idealizamos muitas coisas, não há nenhuma garantia, porém, de que o idealizado é o que vai nos arrebatar. Aliás, por ser algo inventado, é provável que quando se concretizar, a sensação que apareça seja a de frustração e não o frio na barriga tão esperado.


Aprender a largar o controle e confiar naquilo que estamos sentindo não é uma tarefa simples. Em alguns casos, o sentimento pode não ser recíproco,só que jogá-lo embaixo do tapete emocional não irá fazê-lo sumir, ele se transformará, no mínimo, em outra coisa. O importante é ter a consciência dele, buscar entender (sendo correspondido ou não), o que te causa tanto encantamento naquela pessoa. Assim, conseguiremos descobrir um pouco mais sobre nós mesmos, pois, acredite, tudo tem uma razão de acontecer, nem que seja o aprendizado.


Só quem vive aberto e sem receios conseguirá apreciar a delícia da surpresa de só descobrirmos na hora certa de quem a gente vai gostar.


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